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sexta-feira, 5 de julho de 2013

FÁBULA DO FORMIGUEIRO

Uma história de traição e vingança


É fato que nós meros mortais pouco sabemos sobre a realidade da vida cotidiana das formigas; é claro que os estudiosos do assunto “pensam” saber muito, mas a verdade é uma só, no que se diz respeito a natureza, somente Deus o seu criador é capaz de saber a realidade de seu funcionamento.
Pode-se afirmar que as formigas não são os insetos mais queridos pelos homens, mais ainda assim tem seu valor, pois tudo que existe na terra tem uma razão de ser e esses nossos amiguinhos também tem papel importante no ecossistema.
Enquanto isso, nós humanos, podemos por aqui dar asas a imaginação e fomentar ideias do que é uma convivência no formigueiro.
Uma das coisas que aprendi desde cedo foi respeitar as formigas (sou alérgico as suas picadas) e como fui criado em um ambiente de natureza, sei algumas peculiaridades sobre o assunto.
No formigueiro existe uma rainha, assim como nas colmeias, e esta deve ser única, pois até no reino animal é impossível ter mais de uma rainha no mesmo lugar; todas as outras formigas são chamadas de operárias.
Uma vez que a rainha tem a função de colocar os ovos e criar as larvas, ela conta com um macho para que isso aconteça; toda vez que entre as larvas uma nova rainha nasce é necessário que uma delas deixe o formigueiro e levando algumas operárias, forme uma nova colônia... dada uma pequena prévia de entendimento do funcionamento de um formigueiro, vamos a nossa fábula.
Havia um formigueiro magistral em Terra Vermelha,  conhecido como Terócopó; ele era realmente grandioso e muito bem estruturado, ainda mais se comparado com os pequenos formigueiros vizinhos, que eram Melheté e Citipé.

A rainha majestosa e intransigente era a já conhecida Calibri que tinha como seu marido reprodutor e também primeiro ministro o inigualável Amphion.
Nesse formigueiro passaram rainhas que foram muito poderosas e importantes, pois fizeram deste o que é hoje, trabalhando com consciência e comprometimento; nunca nenhuma das rainhas foi deposta, todas morreram de velhice, logo após é claro, terem feito uma substituta a sua altura para o cargo.
Porém a última velha monarca Ergoe não teve uma cria muito boa e acabou deixando o trono sob o comando das patinhas de Calibri.
Conta-se que Amphion mesmo sendo muito inteligente, nunca conseguiu chegar de fato onde queria, o que o tornou amargo como um fel e também muito arrogante; nunca conseguiu graduar-se em nada já que por achar-se mais e melhor que todos, nunca teve paciência para frequentar os bancos de uma universidade.
Ainda que Calibri não fosse a melhor das rainhas que estivesse no reino, muitas operárias eram “encantadas” por sua lábia e desenvoltura.

Dentre as suas seguidoras, assim como aconteceu com Deus e seus anjos, uma revoltou-se contra os distratos e humilhações a qual era submetida com frequência... Ameaçou,gritou,chorou e depois vestiu novamente sua roupa de boa operária como sempre fora em ocasiões anteriores.
Amphion fazia seu papel de procriador e muito mais que isso, procriador de ideias nada ortodoxas que somente as formigas despidas de personalidade seguiam; a grande maioria do formigueiro já estava enfastiado com todo aquele blá blá blá.
O tempo foi passando,os dias e as noites chegavam sem muita novidade, Calibri seguia seu reinado com sua tirania que era percebida e repugnada pela grande maioria... o tal do Amphion então era motivo de chacota entre os mais cultos e ignorado pelos mais humildes, uma vez que estes cansaram de ouvir discursos de belas palavras as quais não entendiam patavinas.
Eis que uma bela manhã Calibri recebeu uma rosa que era única no reino, nunca tinha sido vista antes, de uma cor violeta inigualável e um perfume entorpecedor.
Calibri que era muito vaidosa e adepta das coisas boas apreciou o perfume e colocou a rosa na sala de entrada do formigueiro para que pudesse ser admirada por todos que lá chegavam.
Nos dias subsequentes as rosas continuaram chegando, cada vez mais belas e perfumadas, e assim passando um bom tempo, percebeu-se que Calibri estava abatida e sem entusiasmo.
A situação fez com que o astuto Amphion suspeitasse que algo de errado podia estar ligado  àquela inocente flor e com isso, ordenou que a mesma antes de ser entregue a Calibri deveria passar pela rígida inspeção de Amphion.

Assim foi feito e depois de usar muito de sua formidável inteligência Amphion chegou à conclusão de que algum tipo remédio poderia estar sendo colocado na flor, de forma que chegava à corrente sanguínea da rainha através seus espinhos, já que muito desastrada Calibri sempre se machucava nos espinhos.
Desde a conclusão de Amphion sobre o perigo o qual a rainha estava sendo submetida, todos os espinhos das rosas eram retirados e queimados; em determinada ocasião Amphion sugeriu, até mesmo tentou impor a Calibri que esta não recebesse mais as rosas,porém, a vaidade de Calibri fez com que bradasse a todos os ventos que fazia questão de sentir o perfume de suas rosas todas as manhãs, pois isto lhe dava forças para mais um dia.
Na verdade Calibri não percebia o quanto ela vinha se definhando como uma rosa que murcha e perde seu perfume e a cada momento deixa que uma de suas pétalas caia.
Os dias foram  passando e mesmo com os espinhos sendo retirados Calibri continuava a perder vigor; a situação chegou a um ponto que Amphion já se desesperava, pois nem ovos mais Calibri colocava e caso essa viesse a falecer o reino se desfaria, já que não havia outra rainha para substituí-la e toda a sua boa vida terminaria.
Numa bela manhã ensolarada a formiga que há tempos atrás havia se revoltado entra no quarto de Calibri de posse de uma rosa púrpura jamais vista na terra, tamanha sua beleza, frescor e perfume, entregando a rainha.
Esta completamente hipnotizada pela beleza da flor cheirou-a com paixão; nesse exato momento adentrava ao quarto Amphion que observou o que acontecia.
Enquanto Calibri inalava o perfume, a formiga revoltada ia dizendo: “Nunca lhe perdoei pelas humilhações e todas as rosas que recebeste foram mandadas por mim. Todas estavam envenenadas, mas ao contrário do que supunha Amphion, o veneno não estava no espinho e sim duas ínfimas partículas na flor que eram ingeridas pelo seu organismo toda vez que você cheirava a rosa”.
Quando a formiga revoltada terminou de contar o que fez Calibri deixou sua vida terrena sem que nada pudesse ser feito para socorrê-la; Amphion que assistia a cena correu em direção a Calibri,mais era tarde demais.
Sem demonstrar um pingo de arrependimento e compaixão, a formiga revoltada deixou os aposentos da rainha e sumiu nos campos e nunca mais foi encontrada.

O que podemos dizer de tudo isso? O veneno foi colocado na mesa de jantar do inimigo... ele só bebeu porque quis... foi realmente uma jogada de mestre!



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